quarta-feira, setembro 06, 2006

Marcelo Lisboa é professor de História em Itaberá, da Escola Leôncio Pimentel. Dá aulas também em cursos pré-vestibulares da região. É da família Santos Lisboa, de Turiba. Nascido em 1975, sempre revelou especial interesse pelo assunto, gostava de ouvir as histórias do "tempo antigo" contadas pelos avós. Com 12 anos fez uma entrevista com Batista Loureiro, sempre guardando e anotando coisas que julgava interessante.

Baseado em pesquisa própria, relatos dos antigos moradores como José Cilico Gonçalves, na pesquisa feita em jornais antigos de Itapeva por Preto Mattos, Marcelo escreveu uma História de Turiba do Sul, com 13 itens. Hoje publicamos (abaixo) o primeiro capítulo. Aos poucos, publicaremos todo o documento.

Pelo que se sabe, é o primeiro relato histórico sobre Turiba.
Não é, como diz o próprio Marcelo, uma história completa. Ainda falta muito para ser pesquisado. O maior problema é a falta de dados e documentos para consulta.

Cabe a nós completá-la. Turiba não é tão velha. Vamos consultar os parentes mais velhos, fuçar os baús para encontrar fotografias antigas, certidões (nascimento, casamento, óbito), escrituras velhas etc.

Entrem em contato com:
Marcelo Lisboa, email: lisboavirtual@ig.com.br
Sebastião Loureiro, email: tiaoloureiro@superig.com.br
Boa leitura!
HISTÓRICO DA FORMAÇÃO E EVOLUÇÃO DO DISTRITO DE TURIBA DO SUL

I- FORMAÇÃO PATRIMONIAL E RELIGIOSA

O patrimônio de Turiba, que anteriormente era denominada FAZENDA VELHA, começou a se formar em 08/12/1892, a partir do empenho de Pedro Raimundo Pimenta, conhecido por Pedro Carapina, e de João Geraldo de Lima. Mas sabe-se que as terras de Turiba já eram habitadas antes, já que Pedro Mariano de Oliveira ali nasceu em 1878 e faleceu em 1961.
Os dois (Pedro Carapina e João Geraldo) haviam chegado de Queluz (SP), junto com a comitiva de Camillo Sabino de Macedo, dono da então Fazenda Ponte Alta. Ele também viera de Queluz anos antes. É provável que Camillo Sabino de Macedo seja o dono original das terras de Turiba, já que em relatos feitos por Maria Paulina da Conceição, citados por sua mãe, Francisca Maria da Conceição, existia um fazendeiro local, proprietário de escravos, conhecido por Macedão.
Os iniciadores do povoado de Turiba, junto com João Batista Vaz, uniram-se para organizar 35 alqueires de terra na Fazenda Velha (onde hoje é Turiba) e no dia 08/12/1892, foi levantada a primeira cruz feita por Pedro Carapina e Antonio Joaquim Pinheiro, este conhecido por Antônio Francelino. No mesmo dia foi rezado o primeiro terço aos pés da cruz, e feito o primeiro leilão, com grande número de sitiantes em baixo da mata. É curioso notar que Dona Candinha (mãe de Dona Vedica, e avó de Dona Luiza Vidal e de Lourdes Chaves, por exemplo),que faleceu com cerca de 105 anos nos anos de 1980, foi citada pela Sra. Donga, por dizer que no lugar onde está a Turiba existia um cruzeiro de madeira apenas, no meio do mato.
Só havia meio alqueire de terreno limpo, onde foi levantada uma capelinha de madeira e barro, feita por Pedro Carapina e seus filhos. Pedro Carapina sempre exerceu o cargo de membro da Comissão do Patrimônio de Turiba, até seu falecimento, aos 85 anos de idade. Também dirigiram os destinos da nascente comunidade figuras como Mariano José de Oliveira (Mariano Heleodoro), pai de Pedro Mariano de Oliveira, e avô de Pedro Mariano de Oliveira Filho, José Vidal César(José Mariano), João Vidal de Oliveira (João Mariano)e Mariano de Oliveira (Marianinho).
Consta que a primeira missa rezada na então capelinha foi realizada pelo Padre Augusto Décio Chefalo, no mesmo dia. Padre Chefalo serviu à Paróquia de Nossa Senhora da Conceição de Lavrinhas (Itaberá), entre 08/07/1884 e 25/12/1894.
José Cilico Gonçalves, em relato escrito de próprio punho, datado de 07/11/1975, fala que o patrimônio original era de 15 alqueires, situado na bifurcação do córrego da máquina de Zeca Heleodoro, como o Ribeirão do Guardado, à margem esquerda do Ribeirão Furquilha. É na junção dos ribeirões Guardado e Furquilha que nasce o povoado de Fazenda Velha.

A igreja feita de alvenaria seria construída graças ao empenho de Franz Sabec e sua família, vindos de Liubliana, Eslovênia, que então fazia parte do Império Austro – Húngaro; daí o fato de dizer que eram austríacos. Franz Sabec ficou mais conhecido pelo nome abrasileirado de Francisco Chaves Louro, popularmente Chico Louro. Ele foi convidado a fazer parte da comissão do povoado, e pouco tempo depois, pôs-se a campo, viajando a cavalo, durante vários dias, para angariar fundos para a construção de uma igreja maior, além da promoção de leilões e festas.
Foi o próprio Chico Louro quem emprestou um carro de boi e dois animais para transportar a areia e a água em barris até o local da construção, já que não havia outra forma de ser transportada.
Com o fim dos recursos em dinheiro, antes do término da construção, Chico Louro tomou emprestado dinheiro a juros, usando seu próprio nome e empenhando seu único bem como garantia, um pequeno terreno.
O pedreiro era Gualtiero Tonini, que deu andamento à obra, enquanto Chico Louro continuava angariando fundos. Em fins de 1925, a igreja ficou pronta.
As letras de câmbio dadas em garantia da dívida por Chico Louro foram resgatadas e ainda sobrou uma quantia orçada em treze contos de réis. Cabe notar ainda que a atual igreja não é a mesma citada, já que foi reformada e ampliada após ser atingida por um raio. O trabalho de reconstrução foi comandado por José Vidal César (Zé Mariano),em 1968. Roque Loureiro de Almeida foi o tesoureiro, indicado por José Vidal César. As doações foram registradas em livro-caixa. O construtor chamava-se Luiz Emílio de Oliveira, de Itapeva. Os tijolos foram feitos na olaria da fazenda de Fatsuo Takeda (Antonião Japonês), próxima ao Bairro Cerrado.

segunda-feira, setembro 04, 2006

II - TOPONÍMIA
Em relação ao nome atual, o antigo povoado de Fazenda Velha passou a ser chamado de “Toriba” por volta de 1916, quando o prefeito de Itaberá, Amador Pereira de Almeida, fundou o posto policial. Perguntado onde tinha achado o nome, o prefeito afirmou tê-lo visto numa lista de cidades, e por ter gostado, assim batizou o lugar. Como primeiro sub-delegado, foi nomeado Pedro Mariano de Oliveira.
Mais tarde, verificando o extravio de correspondências, descobriu-se então que o nome Toriba era usado numa estação ferroviária do ramal de Tabatinga, na Estrada de Ferro Araraquara, situado do Km 5 da mesma, inaugurado em 1911, pertencente ao Município de Matão (até hoje, onde fica um bairro chamado Toriba). Daí então surgiu o novo topônimo Turiba do Sul.
A despeito das normais confusões entre as terminologias Toriba ou Turiba, o Instituto Geográfico e Cartográfico de São Paulo (IGC) registra o topônimo “Turiba do Sul”, e assim aparece na relação de CEPs da Empresa de Correios e Telégrafos (ECT) e em todas as leis que fazem menção ao distrito (como a Lei Estadual nº 5.285), sendo assim a forma que deve ser utilizado.
A palavra é de origem tupi, e significa “paz, alegria e felicidade”. Entre os indígenas brasileiros pré-cabralinos, havia a referência à Sumé, figura lendária que viveu entre os nativos e lhes ensinou muitas coisas, uma espécie de profeta “branco” que viera das florestas do “toriba”, ou seja, do “paraíso”.

domingo, setembro 03, 2006

III – TRANSFORMAÇÃO EM DISTRITO
O povoado de Turiba do Sul foi elevado à condição de distrito por força da Lei Estadual nº 5.285, de 18/02/1959, com terras que passaram a abranger os entornos da sede distrital e dos bairros do Cerrado, Furquilha, São José ou Lajeadinho, Comum e Quarentei.

IV – O COMÉRCIO
Os primeiros negociantes foram Pedro Vianna e Capitão Enéas, naturais do então Distrito de Iporanga, em terras de Apiaí, terra original da família Santos Lisboa.
Além dos primeiros negociantes, em relatos deixados por Batista Loureiro, são citados José Gonçalves de Macedo (Pai Zé), grande negociante que possuía até papel timbrado, um luxo para a época; João Batista Gonçalves (seu filho); Ibrahim (não foi possível ainda saber seu sobrenome); João Batista de Camargo; João Batista Resende; Francisco Cerdeira; Ernesto Antunes; Almerindo Gonçalves de Almeida (Milo Loureiro); Erotides Gonçalves de Almeida, João Batista de Almeida (Batista Loureiro), Roque Loureiro de Almeida, Tadeu Benedito Gonçalves. Todos eles eram especializados no chamado “comércio de secos e molhados”. Além do comércio variado, o distrito teve muitos bares, como o de Orestes Gomes de Oliveira; de Francisco Vidal da Veiga; de Aristides Correia de Melo (que instalou a primeira máquina de fazer sorvete no bairro); Benedito Mariano de Oliveira; José Pimenta e José Maria de Oliveira (Zé Nê). Mais recentemente, Waldemar Desídera, João Cabral e de Sebastião de Oliveira. Com comércio variado, oscilando entre o atendimento de bar e o de fornecimento de gêneros variados, estavam os armazéns de José Martins de Oliveira (Zezão da Máquina), de Renato Loureiro de Almeida, que passaria a ser comandado por seus filhos Cláudio e Márcio, e atualmente por Elói Loureiro de Almeida; e o de Edézio Francisco Vidal.
V – POSTO POLICIAL

A partir de 1900, assumiu o posto de sub-fiscal interino da povoação de Turiba, Francisco Xavier de Macedo.
Como distrito policial, a povoação teve como delegados Pedro Mariano de Oliveira, como primeiro-suplente João Evergisto de Almeida (Conhecido como João Loureiro, pai de Batista, Roque e Renato Loureiro), como segundo suplente, Firmino de Oliveira e Silva, e terceiro suplente, José André da Silva. Como escrivão do distrito policial, estava José Gonçalves de Macedo, conhecido como Pai Zé e esposo de Mãe Chiquinha. Também foram delegados: Pedro dos Santos Lisboa (Pedro Rosa), João Batista Cerdeira, José Batista Gomes, José Cilico Gonçalves, Agenor Gomes de Oliveira, João Batista de Oliveira Lima e João Gomes da Silva Guimarães (João Tomé).
Consta que o bairro não possuía um lugar para prender os arruaceiros de plantão, e que os presos eram amarrados em uma árvore até a efetivação da prisão, em Itaberá, ou soltos no dia seguinte, como era o caso de bêbados. O posto policial, com celas, só seria construído por volta de 1950, por um senhor chamado Pascoalino. Ali já funcionou um posto da guarda-mirim, posto de saúde e hoje está instalado o posto de correios.

VI - INDÚSTRIAS
É passível de menção as atividades industriais de Turiba do Sul, como a olaria mantida pelo Sr. Cândido (Nhô Cândio), pelos idos de 1937; e fábrica de farinha de milho de José Mariano de Oliveira, onde os pacotes eram lacrados com o calor de velas. Monjolo mecanizado perto do Paulino Gomes: água do rio Furquilha girava pás que por correia (couro de boi) girava simultaneamente 2 ou 3 mãos de monjolos. A farinha era torrada em vários fornos a lenha, até anos 40/inicio 50

VII - FARMÁCIAS

Também muitas farmácias já funcionaram no distrito, como as de Artur, Maroquinha, Campos (que não sabemos os nomes ou sobrenomes), a do Sr. Zeferino Zago (que de tão famoso, moradores de Itaberá o procuravam em Turiba, levando-o a mudar a farmácia para a cidade, que durante muitos anos funcionou com o nome de Itanguá), de Maria Chaves Louro, de Elza do Carmo de Oliveira (Elza do Ditão), de Joaquim Ferraz de Oliveira e a última, que pertenceu à Maria Luzia de Almeida Lisboa (Lúcia Loureiro).

VIII – BARBEARIAS:
Como barbeiros em Turiba merecem destaque a figura de Pedro Gomes de Oliveira (Pexero) (1916 – 2006), grande benfeitor e também pedreiro, que mesmo não tendo filhos, adotou ou cuidou de muitas crianças que haviam ficado sem lar, juntamente com sua esposa Maria Lázara de Oliveira (Mariquinha). Também merece citação a figura de Paulo Anselmo da Silva e a de Francisco (cujo sobrenome não foi encontrado).

IX – EDUCAÇÃO

Importantíssimo capítulo da história de Turiba do Sul é a sua evolução na área educacional. Os dados citados foram relatados por José Cilico Gonçalves e por João Batista Loureiro.
A primeira escola a funcionar na localidade surgiu entre 1925/1930; muito simples, feita de barro e sapé, onde atuou o primeiro professor, Joaquim Neves, que viera de São Paulo com sua mãe, Dona Tudinha. Antes disso, as poucas pessoas alfabetizadas do lugar contavam com a ajuda de catequistas, que além da formação religiosa católica, ensinavam meninos e meninas a ler, como foi o caso de Dona Maria Paulina da Conceição, que nunca freqüentara escola e sabia ler. A primeira professora a atuar em Turiba foi Maria Antonieta de Oliveira (Marocas), que hoje denomina uma rua no lugar.
A escola funcionava como “mista”, isto é, para meninos e meninas em classes multisseriadas. Foi Geraldo César Fernandes, médico-chefe do Posto de Saúde de Itaberá, por volta de 1951, quem solicitou a transformação da escola mista em grupo escolar, consultando o Inspetor Escolar Prof. Raymundo Marques. O prefeito da época, Antônio Flávio de Souza, afirmou ser necessário que alguém se dispusesse a levantar dados, como nome e idade das crianças existentes na região, entre 7 e 14 anos, que estudariam no Grupo Escolar a ser criado.
É José Cilico Gonçalves, então funcionário do Posto de Saúde quem se dispõe a fazer o árduo trabalho, e autorizado pelo médico-chefe, passa a reunir os dados, andando a pé ou a cavalo, de casa em casa, numa época de muita chuva. Reúne 171 candidatos, com anotações de próprio punho, que é repassado ao prefeito.
Dois ou três meses depois, por intermédio de um deputado da região, a Secretaria da Educação de São Paulo autoriza a criação do Grupo Escolar, denominado Profª Maria Eufrosina do Amaral Melo, nome que constava na placa comemorativa, mas não foi oficializado, por não se saber quem é a professora em questão.
O Grupo Escolar funcionava numa escola de alvenaria, com grandes janelas envidraçadas, e que foi demolida pelo fato de uma grande paineira que crescera ao lado, danificar suas estruturas. Há relatos também de afundamento, em conseqüência de formigueiro sob o piso.
A terceira escola era de tábuas, com dois cômodos e a diretoria, que deveria funcionar provisoriamente.
A escola atual, que foi denominada Escola Estadual de Primeiro Grau do Distrito de Turiba do Sul, foi construída na década de 1970. Era um projeto arrojado e moderno, formado por três grandes pavilhões envidraçados, com espaço adequado para gabinete dentário (que funcionou), vários banheiros e salas amplas de assoalho e curioso tablado em frente às lousas. Passou a atender até a 8ª série do antigo primeiro grau, tendo sua primeira turma formada em 1978.
Pela Lei Estadual nº 9.610, de 05/05/1997, a escola passou a ser denominada Bárbara Vidal César, e mais tarde, passou a funcionar com Ensino Médio, hoje oferecendo o ensino da 5ª série ao 3º colegial, nos três períodos, ao distrito e bairros adjacentes.

X – A IMPORTÂNCIA POLÍTICA DE TURIBA DO SUL

Turiba do Sul não se fez representar só como importante pólo econômico até a década de 1970, no Município de Itaberá. Muitos de seus conterrâneos ou pessoas que escolheram o distrito para morar, atuaram no executivo e no legislativo municipais. É o caso de Pedro Mariano de Oliveira Filho, que foi prefeito de Itaberá em três ocasiões: 1969/1972; 1979/1982 e de 1997/2000; de Erotides Gonçalves de Almeida, entre 1960 e 1963, e de vereadores como José Cilico Gonçalves, que dirigiu a Câmara de Vereadores por 15 anos, e de Francisco Vidal da Veiga (Chiquitão), Roque Chaves Louro (Rocão), entre outros mais recentes.

XI – TENTATIVAS DE TRANSFORMAR TURIBA DO SUL EM MUNICÍPIO

No ano de 1994, foi criada uma comissão de emancipação no Distrito de Turiba do Sul, objetivando a elevação do distrito à condição de município, composta por Marcelo Lisboa, Otávio Maia, Benedito Aparecido Maia, Maria Emília Teixeira, Claudete Lisboa, Carlinhos Veiga, Luiz Carlos Lisboa, José Carlos Bruno, José Roque Quarentei, entre outros, e que contou com o apoio explícito de José Roberto da Veiga (então vereador em Coronel Macedo e nascido em Turiba), de Antônio Loureiro de Almeida (então prefeito de Itaporanga, e também nascido em Turiba), Paulo Roberto Tarzã dos Santos e Paulo Saponga (vereadores de Itapeva), e de deputados como Renato Amary, que apresentou o projeto à Assembléia Legislativa do Estado, Silvio Cinty e de Hamilton Pereira.
Por intermédio do deputado Renato Amary, o processo ingressou na Comissão de Assuntos Municipais da ALESP sob nº 3.874. A citada comissão aprovou o processo, transformando-o no Parecer nº 884, de 1995. Todos os requisitos foram preenchidos, como 1.000 eleitores votando em seções eleitorais do distrito (foram cadastrados 1.033 eleitores em 5 seções instaladas), área estabelecida em lei, núcleo urbano constituído e vistoriado pelo IGC.
O Parecer nº 884 acabou transformado no Projeto de Lei Estadual nº 87, de 1995, e até hoje aguarda aprovação do plenário para que se autorize a realização do plebiscito pelo Tribunal Regional Eleitoral. Na mesma situação estão os distritos de Guarizinho (Itapeva), Campina de Fora e Itaboa (ambos de Ribeirão Branco), Campos de Holambra (antigo Holambra II, em Paranapanema), Araçaíba (Apiaí), Porto (em Capela do Alto), Cruz das Posses (Sertãozinho) e vários outros.
Infelizmente, o projeto foi apresentado tardiamente, já que a onda emancipacionista iniciada em 1990 estava no fim, após a criação de 73 municípios em São Paulo, entre eles Barra do Chapéu, Taquarivaí, Nova Campina, Itaóca, Ribeirão Grande, Itapirapuã Paulista e Bom Sucesso de Itararé, todos da região. Entre 1995/1996, o governo federal conseguiu a aprovação da Emenda Constitucional nº 15, de 1996, que alterou o artigo 4º da Constituição de 1988, e tirou dos estados o direito de legislar a respeito, e até hoje não regulamentou o referido artigo, congelando os processos emancipacionistas em todo o Brasil. Cabe lembrar que, aos que agiam contra o trabalho de emancipação, que o projeto não parou por desânimo dos participantes e sim pela falta de vontade das autoridades públicas da época.

XII – SITUAÇÃO ATUAL E COMPARAÇÕES COM SEU PASSADO

Turiba do Sul ainda guarda, saudosista, a época em que possuía vigoroso comércio, movida pela grande produção agropastoril, sendo uma das áreas com a maior atividade suinocultora do município; também respondia por enorme produção de algodão, batata-inglesa, milho e feijão.
Sebastião Loureiro cita seu avô materno, Vitorino Garcia (1901 – 1993), que dizia ser o comércio do bairro mais vigoroso do que o de Itaporanga, nas primeiras décadas do século XX. Outra citação importante dita por moradores da região na década de 1960, é a de que, se fosse para falar em poder econômico e desenvolvimento, Turiba tinha muito mais condições de se tornar município do que Coronel Macedo e Barão de Antonina, criados pela Lei Estadual nº 8.092, de 28/02/1964. O distrito já possuía telefone e cartório de registro civil nessa época.
Hoje possui economia restrita à atividade criatória de gado bovino e produção de grãos, comércio decadente e população reduzida aos cerca de 1.700 habitantes, conforme dados do IBGE em 2000.
Apesar da visível decadência econômica, dispõe de invejável infraestrutura, com uma escola que oferece o ensino a partir da 5ª série até o Ensino Médio completo, que homenageia Dona Bárbara Vidal Cezar, matriarca da família Mariano de Oliveira; um posto do PSF (Programa de Saúde da Família), que oferece médico e dentista, durante toda a semana, e que atende aos bairros vizinhos; uma creche-modelo, durante vários anos administrada pela competente professora farturense Maria Emília Teixeira; posto de correios; asfalto que liga a sede distrital à cidade de Itaberá, ainda que em péssimas condições; torre de telefonia da Telefônica, que permite aos moradores ter telefone em casa e rede de abastecimento de água e esgoto da SABESP; todas as ruas possuem nomes; possui CEP próprio (18450-000); cemitério desde o início do século XX; e são calçadas com lajotas as ruas Francisco Louro e a João Loureiro, além do trecho que circunda a área aberta em frente à igreja. Também é pavimentada a rua Mãe Chiquinha (antiga Rua do Comércio), onde começa (ou termina), a vicinal Pedro Mariano de Oliveira Neto.

XIII – CONSIDERAÇÕES FINAIS

Certamente o presente trabalho apresenta muitas lacunas, dados incompletos ou nomes e datas citados de maneira errônea. Tal pesquisa pretende ser apenas a primeira, ainda um esboço apenas, da história de uma terra que foi e é importante para as famílias que ali residem ou que já residiram e todos os seus descendentes, e que merece ser conhecida e ter sua memória preservada.
Tal trabalho seria impossível sem os dados conseguidos junto ao primeiro “historiador” de Turiba, José Cilico Gonçalves, que deixou material escrito e gentilmente cedido pela professora Maria da Glória Gonçalves, sua neta; através de uma entrevista feita a João Batista Loureiro em 1987 e à Maria Paulina da Conceição (Maria Rosa), para um trabalho escolar; e do levantamento histórico feito por Preto Mattos, da Casa da Cultura de Itapeva, através de dados coletados em jornais antigos.
Também foram ouvidos e considerados relatos feitos por Dona Donga, Lázaro Rosa, Dito Rosa, Roque Loureiro, Pexero, Vitorino Garcia, e muitos outros.
A pesquisa ora apresentada, com tons memorialistas e carregada de saudosismo, tentou ser bastante próxima à realidade, já que contou com o apoio de documentos oficiais e não oficiais e de muitas fotografias, além de relatos de pessoas contemporâneas à cada fato.
Imprescindível na elaboração desse material a colaboração direta de Sebastião Loureiro, que permitiu que o trabalho fosse escrito a “quatro mãos”, e com seu blog, onde fazia citações sobre personagens da Turiba de seus tempos de menino, provocou uma explosão pelo interesse na história e nos personagens da Turiba antiga.